26/03/2015

há tantas mãos vazias

há tantas mãos vazias no mundo
tantas portas fechadas
há medos que sufocam
há incontáveis noites cerradas

há um relógio que não pára
que não perdoa    que não chora
há um curso que continua
e habitua a vida a esquecer
as vozes que ignora

há esta vastidão de mundo
que nos absorve
por inteiro    nos engole

há este silêncio mudo
que corta que suprime que mata
e pela letargia    nos demove

mas há também um pensamento
que não cala:

por quantas mãos vazias
se fizessem cheias de outras mãos
nos livraríamos do que nos oprime
e nos chamaríamos     então
irmãos?

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