15/11/2014

espuma

o mundo é
os sóis de todos os dias    o mundo é
as praias que habitamos

os azuis dos céus e dos oceanos
a valsa dos ventos e das vidas
o agridoce das despedidas
e de novos começos

esperamos até hoje para
sermos o que somos
e nos tornarmos no que nos
tornamos    mas
ainda não acabamos

somos espuma    nas
marés dos tempos encontramo-nos
e afastamo-nos

jamais eternos    sempre etéreos
em perpétuo movimento    até que
num suspiro dissolvemos    e amanhã
recomeçamos

08/11/2014

o futuro nunca é como o imaginamos

somos um povo de mãos cerradas
acreditamos em rédeas    em comandos     em pilotos
em poder

acreditamos em planos meticulosamente desenhados
uma arquitetura da vida baseada em
fórmulas matemáticas daquilo que tem que ser

acreditamos em caixas e caixotes    e rótulos e
categorias
queremos um mundo organizado sob as
diretrizes do nosso desejo

planeamos    assentamos    desenhamos    escrevemos
queremos e queremos e queremos
é isto que eu sou e é isto que há-de ser

e achamos que os outros são apenas
aquilo que deles imaginamos

e achamos que nós somos apenas
aquilo que de nós próprios
sabemos e conhecemos e esperamos

entramos em crise se não for
se não somos
se não chegamos

idealizamos tudo
idealizamos todos
idealizamos o mundo e depois
ficamos frustrados

a realidade não se regula pelas normas
da nossa vontade

a vida não se desdobra nos ritmos
dos nossos planos

o futuro nunca é como o imaginamos
e ainda bem