13/02/2010

Os teus cabelos são uma só nuvem. Uma nuvem onde os sonhos se formam. Nela me deito, espero, adormeço. E no sonho que tenho em ti encontro a minha verdade. O meu sonho é a verdade.


O teu sorriso é o Céu. À primeira vista, não desvendo a sua insondável grandeza. Até que, brilhando de esperança, surgem timidamente as estrelas e, nem na escuridão mais densa, elas deixam de reluzir. E estrelado fica o meu sonho.

As tuas faces rosadas são dois botões de flor, pequenos e simples. São a pureza, são a fragilidade. São a beleza da imperfeição e da fraqueza da nossa espécie. São o que nos torna humanos.

E teus olhos! ... Existe, neste Universo, algo que tenha comparação possível com os teus olhos, para além dele próprio? Essas doces íris, que contêm o recanto mais sombrio – onde as Trevas de nada valem contra a Luz em ti acesa – e a majestosa planície – onde o Sol se espreguiça, inocente, aquecendo e iluminando todas as almas.

Contudo, como poderia eu sonhar com qualquer aspecto do teu semblante, sem antes reconhecer o teu bondoso coração? O teu apoio, o teu centro de gravidade, a maior dádiva que podias oferecer ao mundo. A verdade do meu sonho.

12/02/2010

Muros

Sento-me aqui,
rodeada de planícies e planaltos,
de montes verdejantes,
repletos de frutuosas árvores.

Sento-me aqui,
rodeada de céus abertos,
de ventos livres,
que correm como crianças, felizes.

Sento-me aqui,
rodeada por estes muros,
que fui construindo
sem me aperceber.

Estes muros,
que pintei com cores esbatidas,
para serem parecidos comigo,
mas que não são eu.

Estes muros,
que são parecidos comigo,
mas que não são EU.

Estes muros,
que complicam o espaço da minha alma,
quando o que quero é a simplicidade.
Quando o que preciso é
simplicidade.

Estes muros,
que não me deixam espaço para plantar
as minhas árvores;
que não me deixam espaço para
correr livre atrás dos ventos.

Estes muros,
que me impedem de ser
EU!

E sento-me aqui,
sabendo que, num dia próximo,
eles ruirão, de dentro para fora.

Sabendo que
nem uma só pedra deixará cicatriz
e que os muros serão
ultrapassados,
esquecidos,
apagados.

Sabendo que,
nesse dia, serei já
planície, planalto, monte verdejante,
estendendo-me para o Céu.