17/07/2010

Natureza

Natureza.
Porque Beleza.
Porque Leveza.
Porque Clareza.
Natureza.

Natureza.
Tronco, Flor.
Raiz, Flor.
Erva, Amor.
Natureza.

Natureza.
Porque Fortaleza.
Natureza.

Natureza.
Irregularidade, Perfeição.
Força, Suavidade.
Conformada à Evolução.
Natureza.

Natureza.
Porque Independência.
Porque Clarividência.
Porque Existência.
Natureza.

Natureza.
Grande.
Maior.
Imensa.
Natureza.

Natureza.
Porque Vida.
Porque Natureza.

Sonho

Se o meu sonho
sonhado fosse,
sonhado seria.
Porém, belo sonho
achá-lo já não poderia.

Isto, porque
se o meu sonho
sonhado fosse,
já não seria
doce sonho,
alegre fantasia,

mas incerta
alegoria.

01/07/2010

Festejar pelo prazer de festejar

Chegou o S. Pedro. Os bairros vestem-se com as respectivas cores e as ruas, decoradas a preceito, enchem-se de fogueiras, de garagens abertas ao povo e de pessoas. Sobretudo de pessoas.

Chegou o S. Pedro. Só as palavras “S. Pedro”, para nós, poveiros, têm um significado inexprimível, demasiado abrangente para qualquer dicionário. Para os estudantes, muitas vezes trazem um travo a Verão e liberdade, pois anda de mãos dadas com o fim das aulas. Para os mais bairristas, o mais imediato são as rusgas e a competição (quase) saudável. Para uns, a procissão é o evento mais marcante. Para outros, o que importa é a festa pela noite dentro.

Mas todos nós concordamos em como a festa poveira apresenta uma característica indispensável: o convívio. Isto, porque S. Pedro não é S. Pedro sem um bom passeio pelas ruas da nossa Póvoa, contando com umas quantas paragens aqui e acolá, para partilhar uma sardinha bem assada e uma malga quente de caldo verde. Isto, porque S. Pedro não é S. Pedro sem um abraço dado a um velho amigo e um sorriso oferecido a um estranho. Isto, porque S. Pedro não é S. Pedro sem a humilde gente poveira unida e, assim, reforçada, pronta a exclamar uma saudação aos conterrâneos e um “bem-vindo seja!” aos que vêm de fora.

De certa forma, o S. Pedro é um segredo poveiro. Não é possível entendê-lo sem experimentá-lo, aqui, com os nossos conterrâneos. E, assim que o vivemos, não o conseguimos transmitir, porque não encontramos palavras. Porque, o que quer que dissermos, ficará aquém do que sabemos bem ser o S. Pedro. É daquelas experiências simples que não se podem verbalizar, que não se podem trocar… Que fazem tudo o resto valer a pena.

O S. Pedro é isto: toda a Póvoa achegada para festejar. Festejar o quê? Nem nós sabemos. Talvez o nosso padroeiro, talvez as nossas tricanas, talvez a nossa terra… Não importa. É um festejar sem motivo, sem razão, sem objectivo. É um festejar pelo prazer de festejar. É ser simples e acolhedor. É ser feliz. É ser poveiro.

Afinal, sempre é bom viver aqui – quando é S. Pedro.
:)

Renascer

Mais do que no Mundo, penso na terra; mais do que na Humanidade, atento na pessoa.


Em todas e cada uma vejo Amor. Sinto-o e quero eternizá-lo, guardá-lo perpetuamente. Quero construí-lo, gesto por gesto, para que não possa ser levado pelos ventos, pelas ondas, pelas tempestades. Para que todos – e cada um – possamos olhar para ele, quando nos apetecer, e sorrir. E senti-lo a nascer em nós.

Quero o Teu Reino na Terra. Quero o Teu Reino em mim.

Que outra palavra senão:

                                                         conversão

                                                                                       ?

Para a nossa professora (de português) preferida!

Um poema que, a pedido da minha turma, escrevi para a nossa professora de português. É baseado na Proposição d'Os Lusíadas.
Obrigada, stôra Bininha, por tudo! :)


As lições e as aulas dadas
Pela incrível stôra lusitana,
Sobre as matérias nunca dantes estudadas,
Por entre os versos da Obra Camoniana,
Em leituras e explicações esforçadas
Mais do que prometia a força humana,
Ensinou à malta distraída
Mais do que sobre a matéria, sobre a própria vida;

E também as memórias gloriosas
Destes anos que foram passando,
Ocasiões essenciais e preciosas
Que fomos agasalhando,
Experiências valiosas
Que, de quando em vez, vamos lembrando:
Cantando espalharemos por todo lado,
Se a tanto nos ajuda o grande talento apresentado.

Saudades profundas vamos sentir
Das lições de português “aborrecidas”,
Dos berros que a stôra nos fazia ouvir,
Do engrandecimento que trouxeram às nossas vidas.
Relembraremos o que nos fez exigir
De nós próprios, das nossas mentes “entretidas”.
Agradecemos as horas connosco dissipadas,
E despedimo-nos com ternura e amizade partilhadas.

Antecipação

No silêncio,


Pneus sob o alcatrão;

Pés sob o passeio,

Na noite.



O Rio,

O Mar,

O Vento,

O que importa?



Na antecipação,

Tudo perde o esplendor

Em contraste contigo.



Por fim, a tua voz chega e passa.

Volta o teu silêncio.

Cria-se a memória.