Num desses anos repletos de hormonas e dramas, aprendemos a interpretar esta lei de uma forma quase automática. É explicada sucintamente pelo professor, de um ponto de vista claro e objectivo, e, na maior parte das vezes, o significado mais abrangente é ignorado. Para mim, não chega a ser uma crença, mas um fenómeno irrefutável.
Abrimos um livro de Química e é provável que, a dada altura, nos deparemos com este ensinamento. Existe um rol de gestos, palavras e expressões que fazem parte do nosso quotidiano e cujo verdadeiro valor descartamos facilmente. Assumindo que esta afirmação é olhada desse modo comodista, podemos descobrir nela um significado bem mais transcendente. Definimos a Natureza como tudo o que nos rodeia, seja físico, mental ou espiritual, e não só como a matéria envolvente, e conseguiremos destrancar numerosas portas, conforme a capacidade e experiência de cada um:
- Se na própria Natureza, o que teria, supostamente, atingido o fim de vida útil modifica-se, sendo utilizado de outra forma, porque não exploraria o Homem uma maneira de o fazer também? E não é coerente que um objecto qualquer também necessite de ter essa abilidade mutante para ser ecológico? Portanto, admiro que alguém tenha sido capaz de atingir esta conclusão e de elaborar um plano para a pôr em acção. Lamento não ter sido mais cedo, porém desconheço se eu própria o acharia óbvio, caso não vivesse numa época de consciencialização ambiental.
- Traduzindo esta filosofia para um nível mais pessoal, acredito que o ser humano, de um modo similar, se mantém, sob outra existência, após o fim tomado por certo. Transformamo-nos como tudo o resto, pois somos como tudo o resto. E se cremos que isto ocorre fisicamente, penso que não devemos rejeitar a possibilidade de aquilo que nos caracteriza realmente se manter, só porque não possuimos provas palpáveis ou visíveis. A nossa passagem pela Terra, pelos seres que nos acompanharam não se desvanece simplesmente, de mão dada com o nosso corpo. Somos relembrados além do fim físico e sermos esquecidos será, talvez, o maior castigo que podemos padecer. Saber que não fizemos diferença.
Como já referi, com certeza, outros decifrarão o princípio de Lavoisier e descobrirão algo diferente. O necessário é abrir os olhos aquilo que deixamos escapar todos os dias e encontraremos muitas mais formas de sermos felizes.