Escrevi esta composição também para a aula de Português. A tarefa era elaborar uma das cartas que Hans, a personagem principal, mandou aos seus pais. Não creio que possa compreendida na sua íntegra, se o leitor não conhecer a história, portanto recomendo o livro Histórias da Terra e do Mar, para quem puder e o quiser ler.
Índico, 19 de Setembro de 1950
Querida família,
Perdoem-me por não ter escrito ultimamente. Os trabalhos têm sido múltiplos e duros e o tempo perde-se no ar, como um leve sussurro. Tenho-me esforçado por concretizar o meu sonho: regressar a casa como capitão de um navio. De facto, capitão já sou. Hoyle, o inglês que me acolheu, proporcionou-me uma óptima educação, da qual até o Pai se orgulharia, e fez-me capitão de navio e homem de negócios.Porém, é a segunda parte deste meu desejo que falho em realizar; a parte mais importante.
Hoje, navego no Índico. Descobri os búzios mais belos, rosados e semi-translúcidos. Neles, escuta-se o pacífico silêncio do mar, aquele que se ouve no promontório. Embora esse silêncio traga até mim a alegria de casa, a alegria de ser amado, traz, também, a dor de lá não poder regressar, a saudade que me enche o coração dum silêncio que não é feliz, mas sim sofredor e angustiado, de tão frio e desprovido de amor. A minha única vitória seria poder regressar a casa. Daria tudo para retornar a Vig, retomar a minha antiga vida, outrora repleta de amor, esperança, sonhos...
Peço-te, meu Pai, acolhe-me, mais uma vez, em tua casa, em nossa casa, e perdoa-me pelos meus pecados, pois não sou mais do que uma criança errante.
Cumprimentos saudosos,
Hans