tu vives na tua caixa
com horas certas
para pôr a comida na mesa
para sair e olhar o céu
para viver para
amar
vives nessa caixa onde
só entra aquilo que acolhes
com as tuas mãos
só entra quem
distraído
escolhes
nessa caixa em que
por amor ou loucura
me sonhei a viver
aquela doce ilusão
que todos os esperançosos
idealizam
que todos os amargurados
amaldiçoam
que todos os sábios
relembram com sorrisos
e em que eu me fiz
tua
como se possível fosse encaixar-me
nos espaços das tuas respirações
e dias soltos
mas todos os meus relógios
giram na direção da loucura
e os meus horários são como
regras que sabem bem
condimentadas com rebeldia
e tu disseste-me já não há tempo
para nos amarmos
e nem sabes como me
despedaçaste
regressas então
à tua rígida caixa
e eu aos meus relógios
insubordinados
que não aprenderam ainda
como o Tempo se fez servo
do Amor
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