08/11/2014

o futuro nunca é como o imaginamos

somos um povo de mãos cerradas
acreditamos em rédeas    em comandos     em pilotos
em poder

acreditamos em planos meticulosamente desenhados
uma arquitetura da vida baseada em
fórmulas matemáticas daquilo que tem que ser

acreditamos em caixas e caixotes    e rótulos e
categorias
queremos um mundo organizado sob as
diretrizes do nosso desejo

planeamos    assentamos    desenhamos    escrevemos
queremos e queremos e queremos
é isto que eu sou e é isto que há-de ser

e achamos que os outros são apenas
aquilo que deles imaginamos

e achamos que nós somos apenas
aquilo que de nós próprios
sabemos e conhecemos e esperamos

entramos em crise se não for
se não somos
se não chegamos

idealizamos tudo
idealizamos todos
idealizamos o mundo e depois
ficamos frustrados

a realidade não se regula pelas normas
da nossa vontade

a vida não se desdobra nos ritmos
dos nossos planos

o futuro nunca é como o imaginamos
e ainda bem



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