há tantas mãos vazias no mundo
tantas portas fechadas
há medos que sufocam
há incontáveis noites cerradas
há um relógio que não pára
que não perdoa que
não chora
há um curso que continua
e habitua a vida a esquecer
as vozes que ignora
há esta vastidão de mundo
que nos absorve
por inteiro nos engole
há este silêncio mudo
que corta que suprime que mata
e pela letargia nos
demove
mas há também um pensamento
que não cala:
por quantas mãos vazias
se fizessem cheias de outras mãos
nos livraríamos do que nos oprime
e nos chamaríamos então
irmãos?